Resumo

A presença de cargas aniônicas na parede celular de bactérias é importante na interação com cátions metálicos, tem um papel marcante no sequestro e imobilização destes íons, em ambientes contaminados. Há desvantagens no uso de células-vivas como biossorvente, pois as elevadas concentrações de metais pesados podem causar toxicidade às células. Uma estratégia é a utilização de células mortas no processo de remoção dos íons metálicos. Diante disso, o objetivo do trabalho foi avaliar a remoção de íons metálicos cobre (Cu²⁺) bivalente e cromo (Cr⁶⁺) hexavalente em solução aquosa utilizando células mortas de rizóbios, como biossorventes. Dois isolados de Rhizobium spp. (LBMP-C01, LBMP-C04) e dois Sinorhizobium spp. (LBMP-C02, LBMP-C03) foram utilizados. Os isolados foram cultivados em meio PGY (28°C, 24h e 150 rpm) para obtenção de células no final da fase exponencial de crescimento. As células colhidas por centrifugação (12.000 x g, por 15 min.), foram lavadas ddH2O e esterilizadas. Posteriormente, os pelets de células secas foram triturados, com o auxílio de um almofariz com pistilo, até tornarem-se um pó fino e homogênio. As concentrações dos metais pesados CuSO4.5H2O e K2Cr2O7 utilizados foram preparados a partir de uma solução estoque de 1 M. O ensaio de eficiência dos biossorventes na remoção de íons foi analisado em dois tempos (30 min e 30 horas) na concentração de 100 mg L^-1 (Cu²⁺ e Cr⁶⁺) e 0,5 g L^-1 dos biossorventes. Baseando-se nos resultados deste teste, um isolado foi selecionado para otimizar o processo sob diferentes concentrações de biossorvente (0,5; 1,0 e 1,5 g L^-1) e íons Cu²⁺ e Cr⁶⁺ (50, 100, 300 e 500 mg L^-1) tempo de 30 min. Após os tempos de exposição aos íons, o sobrenadante coletado por centrifugação foi analisado por espectroscopia de absorção atômica com chama. O biossorvente LBPM-C02 mostrou potencial para a remoção dos íons e obteve a melhor capacidade de biossorção na dose 0,5 g L^-1 de biossorvente. Em relação aos tempos de exposição das células aos íons não houve diferença significativa. A maior taxa de remoção foi de Cu²⁺ 56% e Cr⁶⁺ 57% na dose 2,5 g L^-1 do biossorvente, na concentração inicial de 500 mg L^-1. A partir dos dados apresentados, pode-se concluir que segundo os parâmetros do modelo de Langmuir a adsorção é favorável, no entanto, os biossorventes demonstram baixa afinidade aos íons. O potencial de remoção dos íons está diretamente relacionado ao contato dos íons com os sítios de ligações presentes no biossorvente.